A conversão de São Paulo. Quando Saul estava no fim de sua viagem e próximo a chegar em Damasco, viu, de repente, ao meio-dia, uma luz mais brilhante que o sol. Todos viram esta luz e caíram por terra, tomados de pavor.
Santo Agostinho diz que Deus quis, primeiramente, derrubar o orgulho e a obstinação vaidosa da qual Saulo estava repleto, a fim de que ele pudesse receber com submissão e humildade as ordens que iria lhe dar. Derrubou-o para salvá-lo.
São João Crisóstomo comenta que Deus quis que a luz precedesse a voz, a fim de que Saulo tomado divinamente por esta luz tão brilhante, acalmasse um pouco seu furor e estivesse em condições de ouvir com mais docilidade.
É de se notar que Jesus não lhe disse: − Creia em mim, ou algo do gênero. Não! Ele pergunta: Saulo, Saulo, por que me persegues?” Saulo perseguia os cristãos, membros da Igreja, Corpo Místico de Cristo.
Eis, pois, este lobo devorador transformado de repente num cordeiro. Não tendo ainda conhecimento de quem lhe falava, mas sentindo-se, mesmo assim prostrado abaixo do poder de Deus, ele o chama de Senhor, e pergunta-lhe quem é ele. Aterrado por ouvir dizer que persegue aquele cuja luz brilha ante seus olhos, e cuja voz ressoa a seus ouvidos, enquanto ele julgava estar rendendo um grandíssimo serviço a Deus perseguindo os discípulos de Jesus.
Seu pavor chegou ao extremo quando esta voz disse-lhe: Eu sou Jesus de Nazaré, que persegues. Segundo Santo Hilário e Santo Agostinho neste momento ele via Jesus Cristo, que lhe apareceu em pessoa.
Costuma-se mostrar aos viajantes à Terra Santa, o local onde São Paulo foi derrubado, a três léguas de Damasco, rumo sul. E, no tempo de Santo Agostinho, havia sido construída uma igreja no lugar onde ele se tinha convertido.
Finalmente, submeteu-se à graça e à vontade de Deus: Que queres que eu faça?
E o que ele disse uma vez, naquela ocasião, disse-o do fundo do coração a vida toda, pois, a partir daí, só olhou para a vontade de Cristo para regularizar suas ações. São Lucas observa que somente então Jesus diz-lhe para entrar na cidade de Damasco, perto da qual estava, e que lá lhe seria dito o que fazer.
O Senhor dá a conhecer então a Saulo convertido, a escolha de graças que tinha feito na sua pessoa, para estabelecê-lo no Apostolado dos Gentios, e dizendo-lhe que era por esta razão que lhe tinha aparecido, prometendo aparecer-lhe novamente, a fim de que pudesse, como os demais apóstolos, servir-lhe de testemunho das coisas que tinha visto e que deveria ver a seguir nestas grandes revelações que tinha tido, quando fora elevado até o terceiro céu.
Era preciso que todos os Apóstolos dessem depoimento de Jesus Cristo, como testemunhas oculares. É também porque São Paulo teve que ser favorecido por estas aparições e revelações extraordinárias, nas quais todos os segredos da Encarnação do Filho de Deus e de sua Ressurreição foram-lhe expostos à luz dos olhos.
Esta cegueira corporal de Saulo era somente uma imagem daquela onde seu espírito e seu coração tinham estado até então, da mesma maneira que a cura milagrosa de sua vista logo depois, foi uma figura da cura bem mais admirável da cegueira tão criminosa de sua alma.
Quem poderia excogitar no que pensou e o que fez durante estes três dias!? Estava a repassar em espírito, diz São Crisóstomo, tudo que tinha se passado desde a morte de Jesus Cristo e a de Santo Estevão, também.
Afligia-se, recriminava-se ele mesmo por tudo que tinha cometido. Confessava, na presença de Deus, sua própria miséria e sua própria cegueira, e admirava a divina misericórdia. Rezava, e conjurava o Senhor de perdoar-lhe, e de torná-lo digno de reparar todos os males que tinha causado à sua Igreja, fazendo-o cumprir a obra para a qual o destinava
Deus chamou então Ananias que impressionado com a ordem de Deus, abandona seu susto para obedecer a Deus e foi procurar Saulo para batizá-lo. Assim, recebeu a qualidade de discípulo de Jesus; seus estragos foram esquecidos, não lhe foi feita nenhuma crítica; sua infidelidade já estava submersa no sangue recentemente derramado por Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele passou a ver com alegria e respeito como um ministro de Deus Aquele que ele tinha vindo buscar acorrentado como um criminoso e como um prevaricador da Lei de Deus.
Ainda hoje em dia se mostra, em Damasco, a fonte na qual foi batizado São Paulo.
Assim é que se deu a célebre conversão do Apóstolo dos Gentios, do Pai espiritual de quase toda a terra. A Igreja, pela qual ele trabalhou tanto e até talvez mesmo mais do que os outros Apóstolos, quis honrar o fato por uma festa solene. Desde há vários séculos ela é celebrada a 25 de janeiro, por ocasião da transladação de suas relíquias.
Na época de sua conversão São Paulo tinha por volta de 36 anos. Segundo Santo Agostinho, abandonou seus bens e, quando pregava o Evangelho ele não possuía nada, razão pela qual São Crisóstomo o chama de homem pobre. Não se sabe se ele era viúvo ou se fora engajado no vínculo do casamento. Mas, o que é certo é que, desde então fez profissão de continência e castidade perfeita, conforme narra Santo Agostinho.
Fonte: Histoire complète de Saint Paul Apôtre et Docteur des nations par l´Abbé Maistre, Paris: Watelier, 1870, pp. 10-19.
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